3 de nov. de 2010

Liara

A vista era linda lá de cima. A leste, dava pra ver, de maneira clara e cristalina, toda a alva orla da praia. O mar sem ondas mostrava a sua grandiosidade e, simultaneamente, uma calma instigante. Era lindo demais ver aquela imensidão plana, indo até onde a vista alcançava.

Em meio ao seu deleite visual, Liara percebeu três reflexos na água. Acima, elas praticamente faziam um triângulo perfeito. Lembrou-se da história das luas, contada a ela por Ani, seu pai.

"Labela é a lua superior. Ela possui uma cor amarelada, quase como se tivesse sido encoberta por uma neblina dourada. Ela é a maior das luas, e significa aquilo que se deseja ser, sem ofuscar os outros e trilhando caminhos próprios.

"Na base, a lua à esquerda e conhecida por Tímira. A cada 37 translações ela se esconde parcialmente atrás de Labela. Possui uma coloração acinzentada, quase escura. É a unica lua que pode ter seu brilho bloqueado pelas nuvens. E é a menor das luas. Significa aquilo que se acha que é, procurando abrigo nas horas difíceis e sem méritos proprios.

"A última das luas, à direita da base do triângulo, é chamada de Polina. Seu brilho é o mais forte de todos: um luar alvo, branco, ofuscante. É considerada a lua independente, pois não esconde nem é escondida por nenhuma das outras duas, porem é tocada por Labela e Tímira 5 translações após o eclipse delas. Significa o que se é de verdade: em harmonia com os outros e sempre emanando poder e sentimentos."

Uma lágrima correu pelo seu rosto. Ani era um pai maravilhoso, mas tinha épocas em que ficava estranho, principalmente apos a morte de Luana, sua esposa e mãe de Liara.

Voltou a admirar a paisagem. Do outro lado, as copas das árvores na floresta pareciam se unir e formar apenas uma única grande árvore. Estava a uma altura considerável para não distinguir as folhagens. Os tons de verde e marrom se uniam num degradè perfeito. Era um verdadeiro tapete.

Percebeu uma clareira na floresta. Liara assustou-se, pois sempre ficava ali a admirar a beleza daquele mundo, Faíne, as estrelas, as luas, o mar e a floresta. Jamais havia percebido aquela clareira...

Sem hesitar, Liara abriu suas asas de fada e saiu da nuvem na qual estava sentada, indo em direção à clareira desconhecida...