5 de jan. de 2011

Síndrome do Guarda-Chuva

Era comum até alguns anos atrás que, na temporada chuvosa, eu saísse de casa sem um guarda-chuva. Em parte porque eu não tinha um, e em parte porque, não sei porque cargas d'água (trocadilho não intencional) eu achava que não era necessário.

Muito bem, depois de alguns momentos com e sem guarda-chuva nos últimos dias, estou começando a revisitar este conceito.

Veja: nos dias em que eu não tinha guarda-chuva, eu sempre procurava abrigos e marquises para me proteger dela. Mas como não gosto de ficar parado muito tempo no mesmo lugar - a não ser naqueles dilúvios que causam enxurradas invadindo as calçadas - eu sempre vou "pulando" de marquise em marquise, e no caminho entre elas é inevitável molhar. Mas pelo menos é por um período de tempo curto, e sempre olhando o chão para achar o caminho menos molhado.

Eu chegava aos meus destinos um pouco mais molhado, mas uniformemente molhado - da cabeça aos pés. E nada que uma meia hora não faça evaporar.

Porém, nos dias em que eu estou com um guarda-chva, me sinto imune à água. Ando nas ruas como se tivesse fazendo sol. O guarda-chuva está longe de ser a proteção total das precipitações, mas o usamos como se fosse. Não escolhemos o caminho, vamos no caminho habitual dos dias secos. Não andamos mais rápido pra tomar menos chuva, é a velocidade normal.

O resultado é que, ao chegar ao meu destino, estou com a cabeça e o rosto completamente secos, mas com a barra das calças e o tênis como se tivesse sido mergulhados numa piscina. A mochila, que fica pra trás, um pouco além da área de proteção que o guarda-chuva oferece, está mais vulnerável à água e acaba tomando mais chuva também. Já enchi de rugas um livro que nem era meu por causa disso.

Eu disse no início deste artigo que eu revisitava o conceito de que um guarda-chuva não é necessário; mas pensando melhor, acho que é sim, desde que você o use como se não tivesse um. Mas lembre-se que tem um quando for se locomover, senão eles vão pra terra dos duendes que acham as coisas perdidas, transformam em clipes de papel e deixam em outro lugar para serem achados.

Mas isso é uma outra história.

2 comentários:

Daemon disse...

Cara, ficar sem guarda-chuva é pior do que molhar as pernas.

Christiano Candian disse...

De fato. Por isso, leve seu guarda-chuva e não pise nas poças. :)