10 de fev. de 2006

O Anjo Musical

Um belo dia eu resolvi que voltaria a pé pra casa a partir daquela noite. E realmente o fiz. Mas uma das coisas que me fizeram pensar duas vezes foi o fato de não acontecer mais nenhum "caso de ônibus", alguns deles já relatados aqui.

Mas eu estava enganado.

Ontem estava eu lá, começando a minha caminhada diária de 6 quilômetros. Eu estava tendo aqueles pensamentos "rosa": belos e atraentes, irresistíveis, mas cheios de espinhos, que me machucavam. O pior é que eu tinha pura consciência de que eu era quem me machucava: bastava que eu parasse de pensar aquelas coisas. Mas há momentos em que a gente não consegue.

Neste momento, parei pra esperar os carros passarem e eu poder atravessar a rua. Do meu lado, surgiu uma garota. Do meu tamanho, com cabelos castanho escuros até um pouco abaixo do ombro, lábios bonitos. Usava uma camiseta branca, calça jeans e tênis. E usava um fone de ouvido. Balançava a cabeça divertidamente, curtindo a música. Nada de mais nesse fato.

O passo dela era mais rápido que o meu, e do outro lado da rua ela já estava bem na minha frente. Foi quando eu vi ela levantar os braços e "dançar" a música, sob o olhar atento e admirado dos outros pedestres. Achei aquilo super divertido, e pensei comigo: "Ora, ainda ontem era EU quem estava fazendo isso. Eu consigo sim parar de pensar bobeira e curtir o momento, assim como ela."

Por incrível que pareça, ela andou na minha frente durante boa parte do caminho, acho que ela também tinha resolvido caminhar como eu. Fiquei observando e me divertindo com a maneira pela qual ela curtia a música dela sem se preocupar com nada.

Dois momentos foram marcantes. O fone de ouvido que ela usava era daqueles que penduram nas orelhas e têm um arco que passa atrás do pescoço. Até ali, este arco estava por cima dos cabelos dela, prendendo-os. Ela resolveu puxá-los pra cima de modo a fazer o fone de ouvido passar por baixo dos cabelos dela. Foi uma espécie de libertação. Talvez a hipnose do momento aumentasse um pouco a beleza dos seus cabelos soltos, mas gostei demais daquele movimento dela.


E depois, quando ela se separou de mim. Torci pra que ela virasse à esquerda, que era o meu caminho, mas ela foi à direita. Olhei pra trás um número incontado de vezes, só pra observar mais uma vez a garota que, sem saber, fez toda a minha auto-flagelação na alma sumir como mágica.

Só me arrependi de não lhe ter perguntado o nome, apenas o nome. E de não lhe ter dado o endereço deste blog depois disso.

5 comentários:

Ana disse...

ê, Gude... nem perguntou o nome da mocinha, nem deu o endereço do blog!

Que puxa...

Gude disse...

Pois é, Aninha... Cê acredita? No dia seguinte fiquei torcendo pra ela aparecer de novo, mas ia se muita coincidência... :)

Ana disse...

Que pena... mas quem sabe seu anjo musical não aparece noutro dia outra vez?

Deixa um cartãozinho pronto, tipo: "querida bailarina, você me inspira. ass: (o endereço do blog)"

Não seria romântico isso?

Flávia Denise de Magalhães disse...

Bem.. como me foi exigido, não que nada seja exigido da rainha de copas, estou aqui.

Esse anjo musical... Me lembra da epoca que eu andava de onibus esutando musica e cantando. hehe nunca olharam tão feio pra mim quanto naquela época.. Bom saber que tem gente por ai que se sente mais feliz com pessoas que gostam de musica se divertindo. :P

Haroldo Lage disse...

Sweet :D.
Desconhecidos promissores, pode ser que nunca mais a veja.
Mas na dúvida, anda com o cartãozinho ;)