14 de mar. de 2006

Three Smiles

Eu e uma amiga sentados na escada do Coreto da Liberdade, comendo chocolate. Havia um cara fazendo malabarismos com argolas e outro brincando com umas cordinhas com pesos nas pontas.

Chamou-me a atenção um casal que andava pela praça, passeando, com sua filhinha. Esta última, elétrica, não parava de correr e pular, pra todos os lados. Ela veio na direção do coreto e começou a subir as escadas. Quando ia passar por nós, parou, virou-se e disse:

- Come on, daddy! Come on, mommy! Let's go up here!

Troquei um olhar com a minha amiga, ambos agradavelmente surpresos com o fato dela ter falado inglês. Subiu o coreto e começou a correria. Era legal vê-la entoando músicas infantis em inglês, contando até 5 como só menininhas sabem fazer: "one, two, three, four, five"... Não resisti.

- Hey, sweetie! Come over here... Can you tell me your name?
- It's Laaaauryyn.
- My name is Clara - disse a minha amiga.
- Oh, that's a beeeaaautiful naaame...

Impossível não sorrir.

Aí ela se virou e continuou a correr e saltar. Olhei pro casal: a esposa era brasileira com certeza. Era morena, tinha cara de Brasil. O marido é que deveria ser o estrangeiro. E minha suspeita se comprovou quando ele veio conversar com a gente. Disse que o povo brasileiro é muito mais hospitaleiro e pacífico que o americano. Que aqui todo mundo é feliz mesmo se não tiver sucesso na vida, etc.

Nesse ínterim, Lauryn voltou. Mais uma vez fui brincar com ela.

- Lauryn, do you know the alphabet song?
- Nooo... But I know the ABC's: A, B, C, D...

Mais um momento sorridente.

- But that's the song I was talking about!

Ela não me ouviu. Já estava do outro lado do coreto e no fim do alfabeto. O pai dela me contou que ela tinha três anos e estava adorando o Brasil. Ele também. Ele se chamava Tim. Reparei que ele ficava olhando Lauryn brincar, vigiando. Não deixava ela ir muito longe. Lauryn passsou por mim novamente.

- I want my jacket!
- But Lauryn - disse eu - you can't go downstairs. You have to ask you mom and dad first.

Ela me olhou por uns dois segundos, voltou e foi até os pais.

- Mommy? Daddy? Can I go downstairs so I can get my jacket?

Eis aí o terceiro sorriso.

Fomos embora, porque já era tarde e era segunda-feira. Eles também estavam indo. Deu pra admirar mais um pouco a felicidade pueril, a capacidade das crianças de se divertir com absolutamente nada - Lauryn estava pulando a esmo pra qualquer lado.

Bem. Quando chegar a hora, definitivamente, quero ser pai.

2 comentários:

Ana disse...

Que história fofa, Gude, rendeu-me um smile imediatamente. Sucesso na sua futura empreitada familiar!

Engraçado, outro dia eu e Pedro estávamos perto de alguns idosos e eu fiquei perguntando se nós, amigos, iríamos conviver velhinhos (imagina o Haroldo velhinho)... nú... ainda tem muita água pra correr embaixo dessa ponte.

Haroldo Lage disse...

Vcs vão me ver mais velho do que novo, tô afim de chegar a 121 anos ;).

Post legal! Fiquei imaginando a cena... Mais um smile do lado de cá.