Solitária Flor
Não temos mais campos verdejantes até onde a vista alcança todos os dias para ver. Tanto é que a cena que descreverei aconteceu num jardim -- mais um gramado, na verdade -- à frente de um lote vago. Fica do lado de onde pego ônibus todos os dias. Mas, para todos os efeitos, imaginem um descampado enorme. Daqueles que só vemos em Minas Gerais.
Pois bem. Estava eu admirando a natureza neste descampado. Tudo era verde, só grama. E era plano, muito plano. Era de uma monotonia belíssima, mas ainda assim monótono.
A uniformidade foi quebrada quando meus olhos se prenderam uma pequena flor, solitária, amarela, quase aos meus pés. Ela ficava num cantinho, escondida, tímida. E veio uma corrente de analogias na minha cabeça (adoro quando isso acontece).
Estaria ela no cantinho porque era tímida, mesmo tendo tanto destaque? Estaria ela no cantinho porque queria estar escondida? Porque se achava feia? Teria ela me chamado a atenção bem sutilmente? Ela poderia querer ser notada ao invés de aparecer, mesmo sendo bela... Teria ela medo de ser tão diferente, ao mesmo tempo sendo tão especial?
"Olha o meu ônibus já vem. Preciso dar o sinal para ele parar. Mas você, Florzinha, vem comigo... Jamais te abandonarei de novo."