6 de mar. de 2010

Horbag Domenescu - Parte 2/4

No dia seguinte, meu pai se sentiu extremamente cansado. Minha mãe cotinuava a sofrer. Pensou na noite anterior e preocupou-se em saber se havia sido verdade o que havia passado. Procurou o amuleto e não o encontrou. Depois foi até a árvore e não viu os números escritos. E concluiu que tudo não passou de um sonho.

Mas minha mãe continuava a ter dores cada vez mais intensas e agudas.

A chuva continuou, e alguns aldeões já estavam ficando doentes, devido à falta do nosso plantio. Em uma das tardes, meu pai foi avisado por uma das mulheres que um aventureiro havia nos achado. A princípio, achou estranho ele estar sozinho e também de ter nos encontrado tão rápido. Também estranhou o fato de nosso conselheiro não ter levantado qualquer suspeita a respeito do recém-chegado, ao ponto de mandar todos se reunirem para recepcioná-lo.

Qual não foi a surpresa de meu pai quando viu que o aventureiro era o mesmo velho daquela noite. Ao ver a chegada de meu pai, o velho retribuiu seu olhar inquisidor com um sorriso e palavras amigáveis. Aparentemente, o conselheiro havia dito que sua mulher estava grávida e que o filho viria a qualquer momento, e o aventureiro, que dizia ter habilidades de parteiro, se ofereceu para ajudar. Meu pai nem teve tempo de responder, pois ele já ia se dirigindo para a barraca onde se encontrava minha mãe. Um outro ato estranho, já que aparentemente ninguém havia lhe indicado onde minha mãe estava.

Lá dentro, ela se contorcia em dor. Já não eram mais dores comuns, era como se todo o corpo de minha mãe estivesse tomado por dor. Ela estava com as pernas e braços rígidos, e gritava muito. O velho disse que isso pode acontecer de vez em quando com mulheres grávidas.

- Eu já vi casos em que as mulheres ficam até dez dias assim - disse.

De início, meu pai pensou ser só uma coincidência. Porém, o velho completou:

- Mas não se preocupe. Seu filho crescerá forte como um garanhão de dezenove anos!

Definitvamente, não era coincidência. O velho havia falado os dois números escritos na árvore.

- Bem, parece que não vai nascer agora. Infelizmente tenho que seguir caminho. Mas dê bastante líquido pra ela até o nascimento, pois ela perderá muito. E frutas também. A natureza e os deuses farão o resto.

Coincidência ou não, dez dias após seu início, a chuva parou. E meu nascimento veio com o primeiro raio de sol que conseguiu atravessar primeira brecha que as nuvens escuras do céu deram. O conselheiro da aldeia disse para meus pais que isso era um bom sinal, pois cheguei como o salvador da aldeia. Ele disse que eu trouxera o sol junto comigo e esperança para que vivêssemos por mais um pouco. Porém, meu pai sabia que isso não era verdade -- aquele homem misterioso da noite anterior, o amuleto, a profecia. Tentou demonstrar alegria pra não transparecer preocupação à mulher. E passou 19 anos criando o seu filho da melhor maneira possível.

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