30 de nov. de 2005

Três meia cinco (meia a cada quatro)

Hoje é dia de acordar com o sol.
Dar "bom dia" pra ele,
Vê-lo sorrindo na sua face,
Amarelando os dentes e os olhos.

Hoje é dia de cortar a grama.
Dia de colher as uvas e tomates.
De tirar o leite das cabras,
de fazer manteiga e coalhada.

Hoje é dia de tomar café quentinho.
Dia de sorrir ao ver os filhos.
De conversar animado na mesa,
Pra espantar o mau-humor da manhã.

Hoje é dia de arar a terra.
Dia de preparar as sementes,
Escolhendo os grãos a dedo.
Cada grãozinho uma esperança.

Hoje é dia de lucrar, de investir.
Dia de sentar e fazer as contas:
"Quanto gastei com isso e aquilo"?
Dia de confirmações e decisões.

Hoje é dia de quermesse na vila.
Dia do vestido de cetim da filha,
Pra impressionar o rapazinho.
Dia de redescobrir o tempo.

Hoje, o dia de ano é hoje
Amanhã! Amanhã já se terá passado
Mais uma das voltas do mundo...
E o ontem vai, finalmente, ser ontem.


29 de nov. de 2005

Medo de ter medo

Eu tenho medo de ter medo. Já me vi medroso em várias situações, mas nunca liguei muito pra isso. Mas diante de um certo tipo específico de medo, eu não sou nada corajoso.

O medo de coisas presentes, como o medo que se tem de um cachorro raivoso correndo atrás de você, ou o medo que se tem de conversar com alguém em pleno estado de fúria: esse é o medo legítimo. Uma situação que representa o perigo real, o corpo se enche de adrenalina e fazemos o que quer que seja necessário para sobrevivência (ou integridade física/psicológica/emocional). Sentir esse medo é ruim, mas passa rápido logo depois. É algo efêmero.

O que me arrepia os cabelos e me faz pesar os ombros é o medo de coisas futuras. A famosa preocupação. O próprio nome diz: pré-ocupação. Frita-se demais com coisas, ou consequências dela, que nem aconteceram, ou que não se sabe que aconteceram. O medo de ser - ou ter sido - inconseqüente.

Sentir isso é horrível, eu digo pra vocês. É uma coisa constante, te persegue onde quer que você esteja. É impossível fugir disso como fugir de um cão.

Uma vez, eu conversava com uma amiga minha e ela me perguntou do que eu tinha mais medo. Eu respondi que era de fazer mal às pessoas, qualquer que fosse a forma. Se fosse sem querer, ou sem saber, era pior ainda. Odeio sentir ódio ou raiva. Fico triste quando sinto isso, mas sentir este medo é o pior.

Se por um lado ele é conselheiro, por outro é opressor. Se por um lado é âncora, por outro é um fardo.

E você? Tem medo de quê?

25 de nov. de 2005

A Viagem da Cachoeira-Ducha

Com esse título, parece história de fantasia. O que é possível imaginar a partir dele... Bem, vamos lá.

Quanto estou no banho, um dos raros momentos de privacidade absoluta da vida, tenho o costume de ficar de costas para a parede de onde sai o chuveiro, inclinando levemente a cabeça para a frente, de modo que a ducha cai exatamente sobre a minha nuca e a água escorre pelas costas. Isso durante 96,48% do meu tempo de banho.

Porém resolvi quebrar essa rotina.

Me virei de frente pra parede e levantei o pescoço. Agora, a ducha estava caindo diretamente sobre a parte superior da cabeça, caindo para todos os lados. Achei aquilo divertido e resolvi controlar a água. Inclinei um pouquinho, mas só um pouquinho, para trás. A água começou a cair sobre meu rosto e meu peito. Depois, prum lado, e a água ia pro outro. Pro outro lado. E ficava brincando.

Eu devo ter ficado nessa uns dois minutos. E as partes mais legais eram quando eu inclinava a cabeça pra frente, de modo que a água voltava a escorrer pelas costas que tinham sido expostas ao ar por um certo tempo, me causando calafrios.

Depois, me virei novamente de costas pra parede do chuveiro, e ao invés de voltar à posição "normal" da cabeça inclinada para a frente, fiquei com o pescoço reto. E a água caía de novo sobre a cabeça. Mas dessa vez, eu não estava centralizado, por assim dizer, e um filete de água começou a cair para um dos meus ouvidos, até criar uma cachoeira que bloqueava a entrada de qualquer som, à exceção do prrrrr surdo que a própria água fazia.

De novo achei divertido e tratei de fazer o mesmo com o outro ouvido. Depois disso, eu conseguia distingüir três sons: o barulho da água caindo no chão do box do banheiro, estalindo (tac, tac, tac), o barulho da cachoeira dos ouvidos (prrrrrrrrr) e o barulho da água caindo na minha cabeça, que na verdade estava vindo por dentro dela e não pelos ouvidos (poc, poc, poc, como chuva no teto de um carro, só que abafado).

Me senti a própria montanha na qual o rio passava e formava cachoeiras e pequenos poços, pois sentia a água caindo pra todos os lados.

Como eu já tinha me lavado todo, era o fim da Viagem. Desliguei o chuveiro, abri a porta do banheiro -- tomando um vento frio e gostoso -- e saí.

Quadrinha com Néctar

Sou um grande imitador.
Minha melhor imitação
É um singelo beija-flor.
Quer ver? Preste atenção:

(Te beijo.)


22 de nov. de 2005

Cross-Post

Simplest Truths
By Fadinha



Your luck cookie for today... tomorrow... and forever!


Enjoy your meal,
Fadinha.

21 de nov. de 2005

No Mundo de Boca, parte II

- Transpalatino! - bradou o Cavaleiro vestido de branco, Ortondontista. - Prepare-se para ver seus dias de tirania terminados!

Após uma maligna risada, Transpalatino se voltou e disse:

- Não me importa quando eles acabam! Eu já fiz o que tinha de fazer! - E soltou mais uma risada maligna.

Num movimento rápido, o Cavaleiro Branco brandiu seu alicate no ar e golpeou o vilão, que se viu atordoado. Este pequeno momento foi tempo mais que suficiente para que Ortondontista invocasse seu poder e removesse a maldição que assolava sobre Língua e Céu-da-boca.

Ortondontista ainda baniu Transpalatino para as Terras Inferiores do Lixo, e o condenou a nunca mais sair de lá, a não ser que escolhesse ir para as Ilhas Reciclantes e terminar com sua vida.

Língua e Céu-da-boca tiveram um reencontro emocionante, e brincaram muito nas Montanhas de Almoço, onde normalmente visitam. E foram felizes para sempre...


Hoje é aniversário de alguém muito especial pra mim. Uma pessoa que me relembra coisas boas, me remete ao passado legal e me prova que o tempo é mesmo capaz de curar qualquer ferida, bastando que você esteja aberto pra isso. Mesmo tendo pouco contato, esta pequena pessoa continua sendo super especial. Sugar, spice and everything nice for ya, dear.

18 de nov. de 2005

Lavou, tá novo

Hoje o dia amanheceu chuvoso.

Dias chuvosos sempre têm algo de especial pra mim. Não sei se é pelo fato de eu ter uma paixão envergonhada por precipitações, ou se é porque sigo inconscientemente uma religião que tem a água como deusa, ou se eu sou meio paranóico. Ou tudo isso misturado.

O fato é que eu sempre enxergo dias chuvosos como dias de limpeza. Eu crio toda uma metáfora onde o céu chora, seja de alegria ou de tristeza, e lava a terra, as almas das pessoas. Batiza as cabeças e faz todo mundo esquecer pelo menos por um instante os problemas, seja para procurar um abrigo e fugir da chuva, seja para tomá-la de braços abertos e chegar ensopado em casa ou no trabalho.

Oh, chuva
Eu peço que caia devagar
Só molhe esse corpo de alegria
Para nunca mais chorar.
- Chuva! [Dora Vergueiro]

O trânsito fica lento, mas isso diminui a pressa das pessoas. O barulho de carros andando nas ruas molhadas, a chuva caindo no telhado do lado, os trovões que ressonam ao longe muito depois do relâmpago, tudo isso tem uma musicalidade única.


Dias como o de hoje têm um significado de término de um ciclo. Ou início de um. Ou reinício. Renovação, recomeço, reveillon. Uma grande amiga minha disse uma vez que não entendia porque devemos esperar o dia 31 de dezembro virar 1º de janeiro para renovar as esperanças, criar novos sonhos, definir novos objetivos e até mesmo renovar compromissos com objetivos velhos. Façamos nosso reveillon hoje! (beijo, querida!)

Há muito tempo atrás, a chuva era a minha maior confidente. Só ela sabia de tudo o que eu pensava e sentia. Fez parte de muitos momentos únicos. Porém, ao longo dos anos, eu fui perdendo essa pequena loucura, que, ao fim, me fazia muito bem.

De fato, eu adoro a chuva. Apesar de desafiá-la de vez em quando.

16 de nov. de 2005

Memórias II

Consciência-Mundi
Fevereiro de 2005

Todos sabemos daqueles momentos em que sentimos, como diria aquela música, todo o peso do mundo em nossas costas. O mundo desaba sobre nossas cabeças, nos fazendo ficar pesados, lentos, estáticos num cotidiano frenético. Pára tudo: preciso juntar os meus pedacinhos que restaram no chão. Não é nada fácil.

Mas meu ponto, aqui, é outro: quando se tem consciência que o mundo só desabou porque você deixou de segurá-lo. Que você só parou porque ficou com preguiça. E pior: sabia disso. De repente, você se vê triste... Reclamando que nada acontece na sua vida ordinária. Sim, mais um dia como outro qualquer. Acorda, come, trabalha, almoça, trabalha, volta pra casa, joga suas responsabilidades para amanhã, toma banho e dorme. Simples assim. Nada no caminho pro trabalho. Nenhuma paquera de ônibus. Nenhum incidente no trabalho. Só o trabalho em si. Nada de novo em casa. Nenhum pensamento novo no banho. Nem me lembro do que sonhei hoje.

E porque? Uns três meses de introspecção não me foram ainda suficientes: eu ainda não sei. Mas sei que fui eu mesmo que me meti nisso. Sem saber sabendo, parodiando Chaves. Eu sabia que acordava mais tarde do que queria. Sabia que queria ir na auto escola marcar meu exame de legislação. Eu sabia que queria fazer um exercício pra cuidar de mim. Sinto falta de alguém cuidando de mim, até mesmo se for eu fazendo isso.

Na mente, pensamentos cada vez mais complexos e emaranhados. Me compliquei no meu próprio raciocínio há muito tempo. Todo dia desenvolvo uma teoria nova, construída em cima da anterior. E sei que nenhuma delas poderá jamais ser provada. Tanta complexidade me levou ao fechamento: não compartilho mais a minha linha de raciocínio das coisas, nem mesmo com as pessoas que pudessem ter a capacidade de entendê-la. Me sinto com medo, repreendido pela opinião alheia, quero ficar só nas minhas teorias, autista, onde ninguém possa tocá-las e me fazer parecer um idiota diante da realidade simples e corriqueira. Nada de equações, motivos e razões: é por que é.

Meu coração é gasoso, com um forte poder de concentração. Bastante arisco, esse gás. Ocupa todo o meu corpo, e só reage ante certas situações (que foi a palavra que achei para substituir "pessoas", só que no singular). Moleque levado.

Tudo isso, e eu nem sequer esboço uma reação. Nada. Sim, amanhã vou acordar cedo. Pi-pi-pi, o relógio desperta, eu olho pra ele e penso "ah, ainda tenho muito tempo", desligo o relógio e viro pro outro lado. O que eu estava sonhando mesmo?

Rogério e suas Águas amestradas sabiam das coisas. "Cansado de deitar ao sol, você fica em casa pra ver a chuva. Você é jovem e a vida é longa, há tempo para matar hoje. E um dia você descobre que dez anos estão às suas costas e ninguém te disse a hora de correr."

É isso o que mais dói: ter plena consciência de que, definitivamente, estou perdendo o tiro inicial.

13 de nov. de 2005

Na onda das exatas...

Dewey: Math is a wonderful thing/Math is a really cool thing/So get off your ath, let's do some math/Math, math, math, math, maaaath...
Dewey: Three minus four iiis?
Summer: Negative one.
Dewey: That's riiight. And six times a billion iiis?
Marco: Six billion?
Dewey: Nailed it. And fifty-four is a forty-five more than what is the answer, Martaaaaaaa?
Marta: Nine.
Dewey: No, it's eeeight.
Marta: ... no, it's niiiine.
Dewey: ... yes, I was testing you... iiit's... niiiiiiiine... And that's a magic numbeeeeeeer...


Frase da semana: "Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço." Aaaah, odeio ela. Eu me odeio também. Às vezes. Quando eu mesmo aumento meus próprios defeitos. Argh.

8 de nov. de 2005

Enquanto isso, no mundo de Boca...

Era uma vez a Língua. Ela vivia feliz, transportando os alimentos triturados pelos seus amigos Dentes, e tinha muito contato com seu amigo Céu-da-boca. Um dia, apareceu um cara malvado, o Aparelho Transpalatino, que jogou uma maldição que condenou Língua e Céu-da-boca a ficarem separados. Desde então, Língua tem pouco contato com Céu-da-boca. Ela sentia muitas saudades.

Um belo dia, Língua recebeu uma carta de um poderoso mago, o Ortondontista. A carta dizia que, dentro de 15 noites, Céu-da-boca iria se reencontrar com ela em Consultório, pois Ortodontista disse que tinha poderes para fazer Aparelho Transpalatino sumir. Língua ficou muito feliz! E a partir daí, Língua conta os dias para a chegada de Ortodontista, para que ele possa travar a batalha final contra o malvado Aparelho Transpalatino e se reencontrar com seu querido Céu-da-boca...

(Toda essa historinha foi só pra contar que fui ao ortodontista ontem e ele me disse que vou tirar o aparelho transpalatino - aquele interno, que tem uma barra transversal - daqui a 15 dias. Legal. Depois escrevo o segundo capítulo...)

007 vs. Gabriel

Motivado pela minha visita ao cinema* ontem, uma conversa antiga com um amigo e pelo meu ato corajoso mas inconseqüente de ontem, entrego pra vocês mais um artigo da série "vs". Porém, ao contrário do anterior, não são apenas dois oponentes, e sim extremos de uma reta de nuances.

Temos, de um lado, os agentes, que são as pessoas que fazem antes de pensar. E, do outro lado, os pensadores, que são os que pensam antes de agir. O ideal seria achar um certo equilíbrio, talvez pendendo um pouco mais para o lado dos pensadores -- pensar um pouco antes de agir, mas nunca deixar de agir.

Olhemos agora os extremos: temos os inconseqüentes, que são os agentes extremos, e os filósofos, os pensadores extremos.

E digo que, no meu caso, acho que pendo um pouco mais pro lado dos pensadores do que eu queria. Sou tímido por natureza, e venho tentando mudar isso em mim. Mas ainda estou mais pro P do que pro A.

Isso em termos gerais. Porque em uma ou outra situação, acabamos agindo como um inconseqüente ou como um filósofo. Seja agindo por impulso (meu caso hoje) ou deixando de agir por pensar tanto, mas tanto, que acaba se pensando várias vezes várias possibilidades, incluisive as ruins, o que acaba por nos dar um medo muito grande de ser superado...

Decerto não há pessoas que, na média de sua vida, caiam nos extremos. Mas muito próximas, ah, sem dúvida.

E você? Onde se encaixa nesta reta? Fiquem à vontade para remendar este trapo.


* Bem por alto, mas lá no alto mesmo, o filme é uma história de dois amigos que se envolvem com a mesma mulher. E os dois amigos refletem bem esses lados do pensador e do agente...

5 de nov. de 2005

Candian et al.

"O maior problema de se ficar sozinho é que você tem que fazer companhia pra você mesmo."
- Christiano Candian


Máscara

A chuva é mágica. Senti isso quando desci do ônibus. Chuva que era fina, mas molhava, e muito. Os meus companheiros de ponto de ônibus todos correram para suas casas. Eu não. Só tive o cuidado de passar meu celular do bolso da calça para dentro da mochila (que nem é tão impermeável assim). Dali pra frente, foi um desafio.

Desafio sim, porque eu desafiei a chuva. Sentia as gotas escorrendo pelo meu couro cabeludo. Não era suor. Sentia a baixa temperatura entrando dentro do meu tênis quando eu pisava nas poças. De propósito.

Te parece algo feliz? Pois é. Eu não estava. Estava de cara amarrada. Olhava para o céu, não achava nenhuma estrela, e muito menos a lua. Senti meus ombros ficarem cada vez mais frios.

Foi quando no meio do quarteirão, algo em mim explodiu:

- É só isso que você pode mandar pra mim?

Eu falava com a própria chuva. Aproveitei que não havia ninguém andando por ali, nenhum carro por perto, ninguém nas janelas da redondeza. E fiz a minha loucura, só.

- Vem mais! Mais! - eu dizia com o meu braço em riste.

Porém, nada acontecia. E isso, ao invés de me acalmar, me enraivecia mais.

- Vem cá! Quero ver o que você pode fazer! Me molha todo! Anda!

Nisso eu já estava virando à esquerda (do ponto até a minha casa, só há uma mudança de direção). A rua da minha casa é mais movimentada, e fiquei com vergonha de falar sozinho. Eu não estava falando sozinho, mas quem iria pensar que eu estava desafiando a chuva?

De modo que, assim, eu me recolhi aos meus pensamentos. Nada que me impedisse de levantar a face e sentir a chuva caindo. Era fria, mas eu não sentia isso. Só sabia. E também apertava as mãos e os olhos, tentando me segurar pra não transformar em atos meus esbravejos contra a chuva.

Quase chegando, saí debaixo de uma árvore de propósito só pra pegar mais chuva. E outro pensamento, desta vez em frente à padaria, e em voz alta, veio:

- Ah! Não consegue fazer mais que isso, hein?

Ao que fui respondido com um relâmpago - sem trovão. Relâmpago que respondi com um delicioso "Ah!", como que aliviado pela resposta.

A chuva aumentou logo que entrei pelo portão do prédio. Ainda havia uma parte aberta até o portão interno, então disse:

- Só agora, quando eu já estou indo, não é?

Abri o portão de dentro com a minha chave, e antes de fechar, virei:

- Eu te vejo depois.

E subi as escadas.


Nota 1: Eu sou muito mais louco do que eu próprio pensava. Não se assustem se pensarem o mesmo.
Nota 2: Até que deu pra distrair da minha angústia durante uns cinco minutos.
Nota 3: Se a chuva me lavou a alma, eu não sei... Ainda estou para descobrir.

1 de nov. de 2005

Soneto da Inquietude

Passou Outubro. Chegou Novembro. Feliz Natal.

Doce Primavera de doces flores amarelas, poderia por favor trazê-las ou me levar até elas? :)

Há em mim uma certa inquietude.
Sou incapaz de dizer se é ruim,
Se é algo bom ou se é saúde,
Nem mesmo o que é que há, enfim.

Meus pensamentos voam até ela,
Ressonam com a vibração incomum.
Inerente, uma idéia se revela:
Que pode haver no sentir-em-jejum?

Em minh'alma talvez um buraco
Através do qual tua seiva não bebo.
Quiçá agora meu corpo esteja fraco...

Meu peito, pois, não consigo encher
Quando tal estarrecido percebo
Que minha inquietude está em você.