29 de abr. de 2010

A Ilha - Parte 4/6

Os governantes das cidades insulares encontravam-se frequentemente, dizendo que eram assuntos comerciais e políticos para o bom andamento da ilha, que agora havia também sido rebatizada de Torom-Yidelm, em homenagem aos dois últimos primeiros-ministros da República Velha. Acklald Ergartai, regente de Deera, e Sylarila Orinitas, regente de Jutta, encontravam-se com tanta frequência que rumores começaram a aparecer nas duas cidades. Dizia-se que eles eram amantes. Ambos sempre negaram.

Porém, quando Acklald morreu e seu filho legítimo, Oldald, assumiu o poder, a relação política entre as duas cidades se afrouxou. Com Acklald, Jutta nunca fazia rotas comerciais com o continente - que ainda tratava a ilha como colônia de exploração - sem antes consultar Deera, e vice-versa. Agora, com o filho no poder, Deera não tinha participação nos dividendos de algumas das rotas comerciais de Jutta. Oldald, diziam os rumores, não era tão competente, ou tão influente, quanto o pai, mesmo sendo filho do grande líder espiritual da aldeia continental de Veromvor. Outros rumores, mais intensos, davam conta de que a relação não é mais a mesma pois Acklald e Sylarila eram realmente amantes.

Sylarila já estava velha, e com a iminente retirada da grande regente de Jutta do poder, a verdade veio à tona. Danmoro, um meio-elfo que habitava a cidade de Jutta, juntou um grupo à sua volta na praça principal da cidade e disse ser o herdeiro legítimo de ambos os tronos, pois era o filho da suposta relação entre Sylarila e Acklald, e era mais velho que Oldald. Um grande frisson tomou conta dos ouvintes, e a notícia se espalhou como o vento até chegar aos ouvidos dos regentes.

Porém, o frisson foi ainda maior quando ambos os regentes confirmaram a história. Oldald sabia da existência de seu meio-irmão, e anunciou que não esperava que fosse ficar tão pouco tempo no poder. Entregou o cargo a Danmoro e lhe desejou sorte. Sylarila aproveitou que já iria se retirar do poder e renunciou ao cargo de regente, anunciando que Danmoro era aquele que unificaria novamente a ilha para que ela pudesse prosperar. Parecia que era um plano que já havia sido arquitetado pela regente com seu amante.

Toda essa história, somada com o apelo dos ex-regentes para com o novo rei de Torom-Yidelm, cirou um sentimento nacionalista como jamais houve na ilha. Ao invés de toda a população estar se sentindo enganada, eles se sentiram mais confiantes e mais orgulhosos de terem nascido (já a maioria naquela época) e morado naquela terra.

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