22 de jan. de 2010

As Luas Pastoras - Faixa 1

A próxima sequência é na verdade um trabalho interrompido. A idéia era escrever pequenos contos, cada um análogo a uma música de um famoso álbum da Enya, Shepherd Moons, e os textos deveriam ser lidos ouvindo as músicas. Infelizmente, só fiz as três primeiras faixas. Talvez eu as complete em algum dia.

Ao som de Enya - Shepherd Moons

Lá estava ela. Sentada na nuvem. Olhava as luas: uma encobria a outra. Uma era acinzentada, e a outra dourada. As duas se uniam no céu. Elas pareciam cantar. Cada uma tinha sua própria voz. Os tons se encaixavam perfeitamente em uma harmonia indescritível.

Eis que então elas se moveram. Faziam um balé no céu. Uma ia em direção oposta à outra. Quando menos se percebia, elas se cruzavam. A junção das duas no céu refletia um brilho azulado na face daquela mulher. As luas eram tão lindas! Tudo em volta deixou de existir. Eram apenas as três. A nuvem na qual a moça sentava de desfez. Ela voava. Sem perceber.

Então, aquela moça que até agora só observava, sentiu uma imensa vontade de se unir às luas. Ela subiu aos céus. Cantou com elas. As três vozes se encaixavam também em uma harmonia indescritível. Porém, era algo diferente. Agora, as vozes criavam uma luz brilhante, cuja cor era algo entre negro e azul. E as luzes envolviam a moça e as luas. O balé se tornou algo espontâneo: as luas agora eram três, e eram agora mais lindas que antes. As luas tomaram forma humana: o cabelo era sua luz.

De repente as luas pararam de se mexer e de cantar. A mulher percebeu que havia sentido algo que jamais sentira. Sentiu viver.

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