1 de fev. de 2010

Poema Elemental #3

Nota: O jogo em questão não foi exatamente assim, e os jogadores sequer sabiam das informações abaixo. Portanto, essa é uma história de ficção - duplamente qualificada.

Ventava lá em cima, mas o silêncio era absoluto. Era como se os ares tivessem ganho vida própria e guiassem o navio voador que levava os aventureiros. Lá embaixo, a Nimaídia. Ninguém falava nada, nem sabia para onde o navio os estava levando.

- Ok, pessoal, acho que entendi - falou Kranus, repentinamente. Todos o olharam, mas demoraram a se aproximar.

- Lembrem-se do primeiro pergaminho. Falava sobre a torre em que descíamos, que libertaríamos uma força misteriosa, e que teríamos um inimigo. Teve o carinha do fogo lá em Romani, que era o mestre da nossa clériga, a Katrina aqui, lembram? Ele tava possuído, e quando recobrou a consciência, viu que tinha feito bobagem e se matou. Aí, ganhamos esta gema vermelha, e toda a Nimaídia começou a esfriar.

Os outros tentavam entender onde o feiticeiro queria chegar.

- Bem, vimos um dragão que mudava de cor... - susurrou Katrina, na tentativa de quebrar aquele clima de palestra.

- Um dragão, não,
O dragão - Kranus interrompeu a gnomo. - Seguindo-o, chegamos à montanha na península do sudeste, aquele pico esverdeado. Tivemos até que mergulhar na terra. Lá, encontramos o segundo poema escrito na parede. Ele falava sobre frio sendo libertado, e que o inimigo morreria se tentasse impedir. Pelo menos foi assim que eu interpretei.

Mais uma pausa.

- Logo que o achamos, fomos atacados pelos trigêmeos. Vencemos com custo, mas aquilo me pareceu mais um teste do que propriamente um inimigo, pois depois da batalha encontramos esta gema verde. E, coincidentemente ou não, toda a Nimaídia passou a ter ventanias como nunca antes foram vistas.

As palavras do feiticeiro ressoaram com o vento. O navio havia chegado ao seu destino.

John Dumadin estava confuso. Era um bárbaro, tinha dificuldades para raciocinar com clareza. Olhou para os livros que sua mãe, Sian, lhe dera na noite em que ele a conheceu. A mesma em que ela se foi. Ironicamente, o anão, que viveu sua infância com amnésia, se lembrou do que ela havia dito em seu leito de morte.

Os pensamentos passam rápido, mas são interrompidos quando Kranus retoma:

- Agora, vejam este, que encontramos no famoso Derjan, o monte dos ventos eternos:

One can hold
this scroll of power
and access the flow
of the autumn hour

For its spell will fly
in the speed of air
bringing justice
to this evil lair

When the enemy takes
her face outta the wind
she'll sleep at once
and her soul'll be pinned

Kranus achou que todos haviam compreendido instantaneamente.

- Achamos esta gema amarela. As grandes ventanias se desfizeram. E estamos voando, não estamos? Na velocidade do ar?

Ninguém disse nada.

- Não vêem? Derrotamos o guardião da gema vermelha, um especialista em fogo, e as nevascas apareceram. Destruímos os guardiões das gemas verdes, três crianças feitas de terra pura, e as ventanias apareceram. Vencemos um velhinho que controla os ares, guardião da gema amarela--

- ... e as ventanias desapareceram! Entendi! O equilíbrio entre terra e ar foi reestabelecido - concluiu Abrieht, sorridente. - Ao derrotarmos um guardião, o elemento perde força, e com o desequilíbrio, o elemento oposto fica mais forte. Daí as nevascas e ventanias.

- Conclusão digna de um druida, caríssima fada - replicou Kranus com um certo desdém. - É por isso que nossas magias baseadas nesses elementos perderam força.

- Portanto, só precisamos reequlibrar o fogo e a água, e as nevascas desaparecerão? - perguntou Iluvatar.

- Exatamente. "Só" o que temos que fazer é achar o guardião da última gema, que, pela lógica, deve ser azul. E este pergaminho, o dos Ventos, contém as instruções.

Vujak, que quase nunca falava nada, surpreendeu a todos arriscando:

- E o inimigo do poema, o tal guardião, é um dragão?

- Já falei, não é um dragão qualquer! - repetiu o feiticeiro, impaciente. - Ele é o dragão que me deu estes poderes. Eu o conheço desde quando eu era pequeno. Ele está com problemas e eu... Eu preciso salvá-lo. Ele tem um bom coração, mas está diferente, mau. Ele é azul metálico, e não multi-cor como vimos...

Kranus pensou um tempo.

- Mas não posso garantir que ele é, de fato, o guardião da gema azul. E nem que encontraremos o último pergaminho. Mas é o que está escrito neste que acabo de ler.

O navio voador encontrava-se, agora, parado acima da montanha onde Kranus nasceu. Dali, Vujak viu uma enorme cratera, que aparentemente ia dar no fundo da Cordilheira dos Garens. O ranger sabia o que aquilo significava.

O grupo se entreolhou.

- Acha que essa história basta para que você nos convença a descer até lá com você? - perguntou o Bardo, ceticamente.

Kranus estremeceu. O olhar que Iluvatar lhe lançou foi tão inquisidor que ele quase sentiu que a luz que chegava ao olhos do ladino voltava para ele. Suspirou:

- E que escolha vocês têm?

Uma brisa silenciosa passou pelo convés e a vela principal farfalhou.

PS: Se leu, deixe um comentário!

2 comentários:

Pedro disse...

Pouco mais de três anos depois...

Anônimo disse...

Saudade que deu!!!

Quero jogar RPG!!

MESTREEEEEEEEEEEE